A série da Fox Doc é um exemplo de como existem muitos dramas médicos na TV. O elenco é bem escolhido, com Molly Parker e o querido do público Scott Wolf à frente, mas não oferece nada que os espectadores ainda não tenham visto. Assim como Brilliant Minds da NBC, que foi ao ar apenas alguns meses antes, Doc se mantém dentro dos clichês e das expectativas do gênero médico para entregar algo que é divertido, mas que está longe de ser tão envolvente quanto gostaria de ser.
O mal intitulado programa foca na Dra. Amy Larsen, uma chefe de departamento de sucesso no fictício Hospital Westside em Minneapolis. O gancho é que um acidente de carro apaga oito anos da memória de Amy, fazendo com que ela fique essencialmente presa em 2016. Mas o que deveria ser um ponto emocional parece mais uma manobra, e as fortes atuações de Parker, Wolf e seu elenco de apoio não são suficientes para superar todos os clichês.
O Doutor Confia Mais em Molly Parker do que em Sua Personagem
Parker é Incrível, mas Amy Não é Tão Notável
Dr. Jake Heller (de Amy): Você quer um ótimo médico ou quer um que seja acolhedor e carinhoso?
E a amnésia só funciona se o público estiver investido o suficiente em Amy para se importar com a recuperação de suas memórias. Tanto seu ex-marido quanto sua melhor amiga tentam convencer isso, dizendo a ela (e, portanto, aos espectadores) que ela era uma pessoa diferente antes da morte inesperada de seu filho, Danny. Algumas cenas de flashback mostram uma Amy mais gentil e compreensiva. No entanto, quando a primeira impressão da personagem é de alguém com um jeito típico ácido e ríspido, é difícil se livrar disso. Talvez em episódios posteriores, quando Doc explorar mais as vulnerabilidades de Amy, a personagem se torne alguém por quem valha a pena torcer. No estado atual, a única razão para se importar com o que acontece é porque essa é a premissa do show.
Os Personagens Coadjuvantes do Doc Se Encaixam em Seus Moldes Esperados
Um Grupo Intrigante de Atores Está Preso a Papéis Típicos
O restante do elenco principal de Doc enfrenta uma situação semelhante — exceto que nenhum de seus personagens possui algum atrativo para despertar o interesse do público como indivíduos. Cada um deles é definido por seu relacionamento com Amy, e cada um preenche um papel prototípico que o público já conhece bem. O ex-participante de The Affair, Omar Metwally, interpreta o ex-marido de Amy, Dr. Michael Hamda, que por acaso também é seu chefe. Não é surpresa que, nos quatro anos desde o divórcio, Michael tenha se casado novamente e sua nova esposa esteja grávida.
O Doutor Deve Encontrar Maneiras de Quebrar o Molde das Séries Médicas
O Drama da Fox Não Pode Contar com Personagens e Ideias Familiares
Esta é mais uma série de TV que se apoia no uso de músicas pop para expressar o que os personagens estão sentindo ou o que o público deveria estar sentindo, em vez de deixar os momentos falarem por si mesmos. Por exemplo, a cena que deveria ter o maior impacto dramático — o acidente de carro que causa a lesão de Amy — é totalmente coberta por uma música. Aquela sequência crucial seria muito mais poderosa se o público pudesse apenas vivenciar o som natural do acidente e suas consequências. A angústia de Jake pela lesão de Amy também precisa ser ilustrada por uma canção. Esse não é um problema exclusivo de Doc, mas é algo que a série precisa corrigir.
Dr. Michael Hamda: É uma tragédia. Não uma oportunidade.
Doc não precisa reinventar a roda, o que seria uma tarefa monumental dada a quantidade de séries sobre hospitais. Ele só precisa encontrar algo que o faça se destacar. E as sementes estão lá — seja Richard passando de maior rival de Amy a seu aliado mais próximo, ou apenas permitindo que Molly Parker desmonte completamente a personagem e veja aonde isso a leva. Mas seu episódio piloto oferece tudo que os espectadores podem encontrar em outras séries, e não o suficiente do que é exclusivo do Hospital Westside.
Doc vai ao ar às terças-feiras às 21h na FOX.