“Legend (1985): Filme Cult para Fãs de Tom Cruise”

Lenda fracassou em seu lançamento em 1985, mas o filme de fantasia e aventura estrelado por Tom Cruise e dirigido por Ridley Scott merece seu status de culto.

Filme cult

O filme de fantasia e aventura de 1985 Legend tinha tudo a seu favor. Ridley Scott havia feito sua marca com The Duellists, depois se voltou para a ficção científica com o vencedor do Academy Award Alien e as múltiplas versões de Blade Runner, antes de se dedicar à produção de filmes de fantasia. Tom Cruise havia acabado de terminar o drama de futebol All the Right Moves e estava a um ano de se tornar uma mega-estrela graças a Top Gun. Com um talento tremendo na frente e por trás das câmeras, Legend parecia ser algo certo… até que não foi.

Com o mago dos efeitos especiais Rob Bottin (Robocop) enterrando atores sob próteses e o designer de produção indicado ao Oscar, Assheton Gorton (A Mulher do Tenente Francês), criando esse mundo do zero, Lenda certamente parece incrível. O diretor de fotografia Alex Thomson também não é estranho à fantasia, tendo sido indicado ao Oscar por seu trabalho em Excalibur. Toda essa criatividade, mais uma quantidade imensa de dinheiro e tempo, resulta em algo – mesmo que não seja um sucesso comercial. Na verdade, Lenda se tornou um sucesso cult e merece toda a apreciação que tem recebido desde então.

Tim Curry é a Verdadeira Estrela de Lenda

A atuação de Curry como Darkness se destaca

Tim Curry é o ponto central em torno do qual Legend gira. Uma criação prepotente, elegante e animalística, seu vilão Darkness de oito pés de altura é um exemplo dos ótimos efeitos práticos dos filmes dos anos 80. Curry – envolto em uma prótese de corpo inteiro – cria uma presença opressiva que domina Legend das sombras. Cascos fendidos, garras bem cuidadas e um barítono rico distinguem este habitante do submundo da inocência acima, enquanto o ator se destaca sobre seus colegas. Mesmo que Darkness só apareça na parte final de Legend, a atuação de Curry é a mais memorável. Ele eleva a vilania excessivamente elaborada a um status lendário.

Quando Lenda foi lançado em 1985, Curry era mais conhecido como Dr. Frank-N-Furter em Rocky Horror Picture Show inspirado em Frankenstein, tanto no palco quanto na tela. Não há como negar o elemento teatral que transparece em sua interpretação de Darkness, mas não há nada de camp ou melodramático nisso. Na verdade, considerando que Lenda está em um gênero que tradicionalmente tem como alvo as crianças, ele certamente assusta o público ao lhes dar algo grotesco. Essa diferença chocante é enfatizada no ato final do filme, quando sacrifício de animais e adoração ao diabo lançam Lenda em queda livre. Mas Curry ofusca Cruise, tanto literalmente quanto figurativamente.

Tom Cruise Causa uma Impressão Inicial – Ao Não Causar Nenhuma

Lenda subestima o personagem herói Jack de Cruise

O verdadeiro teste de qualquer ator é sua capacidade de causar uma impressão. Lenda leva essa ideia ao limite com Tom Cruise, que faz menos do que zero ao longo do filme. Scott o captura em meio ao pólen com glitter reluzente em sua pele oposto a uma Mia Sara igualmente perfeita, e o amor intenso entre seus personagens Jack e Lili dura durante todo o filme. Nada mais é pedido de Cruise em termos de atuação, exceto pelas ocasionais sequências de ação; Lenda está longe de ser a melhor performance de Tom Cruise.

No entanto, ainda há vislumbres da estrela de cinema que ele se tornaria. Cruise tem uma presença na tela impossível de imitar. Ele pode não causar uma impressão maravilhosa como outros heróis de filmes de fantasia, mas ele sai de Lenda quase ileso. Isso é impressionante, já que em um determinado momento ele enfrenta um imponente Tim Curry envolto em uma pele vermelha brilhante e empunhando uma espada larga. Menos de um ano após Lenda, Cruise estava conquistando o público cinematográfico como o Tenente Pete “Maverick” Mitchell em Top Gun – provando o quão maior ele era do que qualquer filme.

A História Desigual de Legend a Impediu de Ser um Sucesso de Bilheteria

O Filme Possui Vários Problemas de Produção

Não há como negar que Legend carece de uma história com substância. Há tão pouco para o público se agarrar dramaticamente que o filme logo se torna um exercício de apreciação artística. As cenas parecem ou esticadas demais ou carentes de diálogos significativos, e o roteirista William Hjortsberg (Coração Satânico) transforma cada troca de fadas em dísticos rimados que logo se tornam distrativos. Mas essa não é a única maneira pela qual o filme se desvia em sua própria direção – sentindo-se mais como um filme de arte do que qualquer outra coisa.

Entre os inúmeros takes de Lili correndo em câmera lenta, ou Jack quebrando o gelo enquanto o mundo é mergulhado na escuridão, Legend perde o seu rumo. Momentos de genialidade visual são ofuscados por uma indulgência artística, o que faz com que as cenas simplesmente não funcionem. Se o fato de que o set principal do filme ter queimado afetou o produto final é motivo de debate, mas Legend sofre de inconsistência tonal ao longo de toda a trama. Felizmente, Bottin e sua equipe de especialistas em efeitos visuais conseguem transformar esse truque tedioso em um clássico cult, graças a algumas técnicas inovadoras.

Como Legend se tornou um clássico cult?

A Maquiagem e os Efeitos do Filme Salvam o Dia

De outro sucesso cult em O Enigma de Outro Mundo de John Carpenter até ganhar um Oscar por O Vingador do Futuro, Rob Bottin elevou cada filme que ele toca. No caso de Lenda, ele projetou, implementou e criou alguns dos efeitos práticos mais intricados já vistos no cinema. Ele foi recompensado por seus esforços com outra indicação ao Oscar na categoria de Melhor Maquiagem. Além da criação de Darkness, Bottin também deu vida a outra criatura arrancada das páginas de um pesadelo de contos de fadas chamada Meg Mucklebones, interpretada pelo futuro favorito dos fãs de Star Trek, Robert Picardo.

Encontrada por Jack em seu caminho para o submundo, Meg é uma maravilha da maquiagem protética e da invenção hidráulica. Enterrado sob este disfarce aterrorizante, Picardo abraça seu monstro interior do pântano. Retorcida, desagradável e atrás de um petisco saboroso, Meg Mucklebones é a combinação perfeita de efeitos visuais e habilidade de atuação. Sua expressão sobre sua vítima pretendida cercada por um pântano pútrido é um dos momentos mais poderosos neste filme desconjuntado.

Não há dúvidas sobre a ambição por trás de Legend, que estranhamente fica entre Blade Runner e Alguém para Vigiar na filmografia de Scott. Legend tem alguns dos visuais mais impressionantes que Ridley Scott já criou – incluindo árvores gigantescas, clareiras na floresta e designs de cenários impressionantes. Aqueles que ajudaram a criar seu mundo – incluindo Bottin, Thomson, Gorton e o compositor Jerry Goldsmith – fizeram algo verdadeiramente deslumbrante. Legend pode ter suas falhas, mas há elementos que se destacam através das distrações visuais, da trama frágil e da atuação excessivamente trabalhada. Escondidos ali estão momentos de puro gênio cinematográfico. Com inúmeros cortes para escolher e uma infinidade de interpretações a serem tiradas deles, Legend é o clássico cult que continua presenteando.

Via CBR. Veja os últimos artigos sobre Filmes.

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Rob Nerd
Rob Nerd

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