O Motivo Oculto do Cameo de Hitchcock em Psicose

Alfred Hitchcock é um dos diretores mais prolíficos de todos os tempos. Ele se destacou com emocionantes filmes de suspense como Janela Indiscreta, Os Pássaros, Intriga Internacional, e Vertigo. Embora esses filmes sejam envolventes, não há dúvida de que o Mestre do Suspense é mais conhecido por estar por trás das câmeras em Psycho. Ele também apareceu brevemente na frente das câmeras, quando seu perfil inconfundível pode ser visto logo do lado de fora da janela.

Cameo Hitchcock

Psycho, lançado em 1960, acompanha um homem chamado Norman Bates (Anthony Perkins) que inicia uma onda de assassinatos no Motel Bates. Ele foi levado à loucura após matar sua mãe e sua amante e, como resultado, cria um alter ego que ele chama de “Mãe”. A icônica cena do assassinato no chuveiro em Psycho agora faz parte do panteão das cenas mais famosas da história do cinema. Por causa do impacto dessa cena, os espectadores podem ter perdido a participação especial de Alfred Hitchcock que ocorre mais cedo no filme.

Alfred Hitchcock Chegou Cedo em Psicose para Resolver Isso

Existem muitos fatos interessantes sobre Alfred Hitchcock, indiscutivelmente um dos maiores diretores de todos os tempos. Ele era conhecido por pregar peças maldosas, muitas vezes indo longe demais. Uma vez, ele até armou uma garrafa de vinho para explodir em cima de seus convidados. Assim como Stanley Kubrick, Hitchcock era notório por levar seus atores ao limite. Por exemplo, ele soltou pássaros de verdade sobre a atriz Tippi Hedren. Alfred Hitchcock era, sem dúvida, um homem orgulhoso, e por isso gostava de aparecer brevemente em seus filmes.

Dos 62 filmes que Alfred Hitchcock dirigiu, ele apareceu em 40 deles. Seus cameos costumavam ser bem breves e nunca foram uma parte essencial da trama. Ao contrário de M. Night Shyamalan, que também gosta de aparecer em seus próprios filmes, Hitchcock não tinha falas e apenas surgia ao fundo como um figurante. Ele era surpreendentemente discreto e não se mostrava ostentoso em suas aparições.

Por isso, não deve ser uma surpresa que Alfred Hitchcock apareceu na tela por apenas cinco segundos em Psycho, e mesmo assim, é apenas seu perfil lateral. Os espectadores podem vê-lo cinco a seis minutos após o início do filme através da grande janela quando Marion Crane (Janet Leigh) entra em seu escritório.

Hitchcock Estava Protegendo Sua Arte, Mas Ainda Fazendo uma Participação Especial

A razão de Alfred Hitchcock para aparecer cedo em Psycho era simples: ele queria tirar isso do caminho. Naquele ponto, o diretor já havia feito 50 filmes em sua carreira. Ele havia construído uma reputação e estava vendo grandes números nas bilheteiras. Ele sabia que seus fãs estariam esperando por sua participação em Psycho, por isso ele a inseriu no filme o mais rápido possível para que eles pudessem focar a atenção na trama pelo resto do filme.

A participação especial de Alfred Hitchcock em Psycho é extremamente breve. Os espectadores podem vê-lo através da janela do escritório de Marion Crane. Curiosamente, é apenas seu perfil lateral, com seu icônico chapéu fedora e trench coat.

O que é engraçado sobre a participação especial de Hitchcock em Psycho é que isso ressalta uma falha no diretor e uma ironia cômica. Alfred Hitchcock era famoso por ter uma cabeça e um ego gigantescos. Ele tinha o que poderia ser chamado de uma dose saudável de autoconfiança. Se ele realmente se importasse com a integridade artística de Psycho, não sentiria a necessidade de fazer uma participação especial. Ele também estava assumindo que seu público se importava que ele aparecesse no filme.

Quando perguntado sobre sua paixão por fazer participações especiais, foi isso que Alfred Hitchcock disse:

Tudo começou com a falta de figurantes na minha primeira produção. Eu apareci por alguns segundos como um editor de costas para as câmeras. Não era muito, mas eu aproveitei ao máximo. Desde então, tenho tentado me incluir em todos os meus filmes. Não é que eu goste do negócio, mas há uma fascinação irresistível que não consigo ignorar. Quando eu apareço, o elenco, os assistentes, os cinegrafistas e todo o resto se juntam para tornar tudo o mais difícil possível para mim. Mas não posso parar agora!

É difícil dizer se todos os outros no set estavam cientes da brincadeira de Alfred Hitchcock nesse caso. Afinal, após sua morte em 1980, muitos atores compartilharam histórias assustadoras sobre trabalhar com o famoso diretor. Joan Fontaine, estrela de Rebecca, disse que Hitchcock queria ter controle total sobre ela. Diane Baker, de Marnie, afirmou que ele provocava seus atores até o ponto de raiva.

Realmente teria feito diferença se Alfred Hitchcock tivesse aparecido em Psycho? Ninguém sabe ao certo. No entanto, é parte do legado do diretor fazer uma aparição em seus próprios filmes. A história hitchcockiana teria mudado para sempre se ele não tivesse aparecido.

Tudo Acontece Rápido em Psycho

Psycho é um dos melhores filmes de terror de todos os tempos porque subverte as expectativas do público. Janet Leigh, a estrela do filme, é morta muito cedo na icônica cena do chuveiro. Assim que os espectadores viram essa reviravolta, foi difícil guardar para si. Na verdade, Psycho foi um dos primeiros filmes a sofrer com spoilers. Alfred Hitchcock chegou ao ponto de proibir a entrada de espectadores no cinema caso o filme já tivesse começado.

Faz todo sentido que Hitchcock aparecesse logo no início de Psycho para garantir que seu cameo fosse resolvido. Ele queria que o público estivesse completamente envolvido pela história e que nada ofuscasse a incrível cena da morte no chuveiro. Ele claramente acreditava em seu filme, chegando ao ponto de financiá-lo pessoalmente quando a Universal recusou o orçamento que ele havia proposto originalmente.

A cena do chuveiro em Psycho ainda choca mesmo depois de todos esses anos. A trilha sonora de Bernard Hermann fere como a faca que o assassino está empunhando nessa cena. O momento não teria sido o mesmo sem a música, e é por isso que é tão surpreendente que Alfred Hitchcock quase não tivesse uma trilha sonora na cena. Hermann teve que forçar a inclusão da trilha na mente de Hitchcock, e o diretor, em um raro momento de colaboração, acabou por deixá-la no filme.

A música penetrante de Hermann não foi a única adição à cena do chuveiro. Segundo relatos, um chuveiro especial teve que ser construído. A equipe de produção criou um chuveiro de dois metros que foi projetado de tal forma que a água não espirrasse na lente da câmera. O sangue que desce pelo ralo, por sua vez, era xarope de chocolate.

Alfred Hitchcock dedicou muito tempo e atenção a esta cena. Ele queria que a morte de Marion Crane fosse chocante para o público, por isso trabalhou em estreita colaboração com Saul Bass, o designer de storyboards, para escolher cada plano da cena um por um.

Hitchcock sabia que a cena do chuveiro seria o momento mais importante de Psycho. Ela se tornou uma das cenas mais marcantes de todo o cinema. Ele não ia desperdiçar a grande revelação, todo o trabalho duro da produção e seu próprio investimento em uma participação especial que pudesse distrair.

Ame-o ou odeie-o, não há como negar que Alfred Hitchcock é um especialista em contar histórias de suspense e cativantes. Ele pode ter superestimado o interesse do público em vê-lo fazendo uma participação especial, mas suas aparições nos filmes se tornaram uma de suas marcas registradas.

O legado de Psycho provavelmente teria persistido mesmo se Alfred Hitchcock não tivesse feito aquela participação especial de cinco segundos no início do filme. O Bates Motel, o corpo em decomposição da Mãe, o sorriso sinistro de Norman Bates e, claro, aquela cena lendária do chuveiro são todas imagens que ainda chocam e impressionam o público moderno. Quem pode culpar Alfred Hitchcock por querer aparecer em um filme tão grandioso?

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Rob Nerd
Rob Nerd

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